Numa floresta gigantesca, vivia um ser muito pequenino, mas gigante na simpatia: a centopéia Pepéia.
Pepéia era querida por todos os insetos e animais daquela floresta. Andava sempre alegre, movimentando cuidadosamente seus cem pezinhos, 50 de cada lado. E todos eles bem calçados em sapatos multicoloridos.
Numa manhã de sábado, Pepéia iniciara um passeio até o outro lado da floresta. Carregava uma cestinha cheinha de pedaços de frutas. A cesta estava bem pesada e Pepéia mal conseguia se equilibrar. Os pezinhos ficaram confusos. Os da direita andaram pra frente e os da esquerda, para trás. Resultado: ela levou um tombo daqueles!
“Ai, ai”- disse Pepéia tentando se levantar. “Minha perninha de n. 71 ficou presa, a perninha de n. 9 perdeu o sapato, a de n. 53 ralou o joelho”. E Continuou: “Ai, ai, sinto um tremilique em alguma perninha, mas não sei se é na n. 98 ou na n. 99, talvez nas duas!”
Então, refeita do susto, ela organizou novamente suas perninhas e se levantou.
Enquanto continuava o passeio, ia cumprimentando a todos da floresta. Quando estava no meio do caminho, avistou uma mosca presa em uma pocinha d’água. Chegou mais perto e reconheceu sua amiga Dorinha.
-Dorinha, amiga, como isto aconteceu?
-Pepéia, graças a Deus que chegou. Não lembro como vim parar aqui, acho que bati em alguma coisa e acabei caindo no chão, bem em cima de uma poça d’água!
-Calma, Dorinha. Já vamos te tirar daí!
-Vamos? Mas você está sozinha...quem vai te ajudar?
E então Pepéia convocou todos os bichinhos que passavam por ali. “Formiguinhas, apressem-se! Por favor, quero que cortem um pedaço grande de folha.”
“É pra já, Pepéia!” E todas as formiguinhas saíram animadas para ajudar. Logo voltaram com um pedaço grande de folha, que mais parecia um pequeno barco.
-Muito bem! – elogiou Pepéia.
-O que faremos agora? – perguntaram as formigas.
-Por enquanto nada, amigas. Vocês já foram bastante úteis, mas também não podem entrar na água.
-Agora é a vez do Sr Sapo. Sr. Sapo, quero que empurre este pedaço de folha até o meio da poça, por favor.
“Isso é moleza, Pepéia.” E então o Sapo pulou e empurrou, pulou e empurrou. Logo a folha estava embaixo do corpinho da mosca Dorinha e ela pode se segurar.
Então o Sapo disse: “Humm... então a vítima a ser resgatada é uma mosquinha apetitosa.”
-Sr. Sapo, mais respeito. Este petisco, quero dizer, esta mosquinha não é para sua língua. Nem pense em fazer da minha amiga o seu almoço!
-Não, não. É claro que não, desculpou-se o Sr. Sapo. Eu estava só brincando!
-Acho bom!
-É melhor eu ir embora.- disse o Sr. Sapo, com medo de não resistir à tentação e, num só golpe rápido e certeiro de sua língua, comer a pobre Dorinha.
Dorinha e Pepeia agradeceram a ajuda do amigo coachante.
Dorinha estava aflita. “Pepeia, o que eu faço agora? Como sairei daqui?”
-Calma, amiga. Por enquanto, apenas se agarre a esta folha e descanse.
Então Pepeia observou uma lagarta que passava por ali.
-Oi, Dona Lagarta? Já nos conhecemos?
-Eu sei quem você é. É a famosa centopéia Pepeia, correto?
-Isto mesmo. Agora preciso de sua ajuda.
-Por favor, gostaria que, se não fosse incômodo, a senhora puxasse esta deliciosa folha para fora da poça.
-Hum... que folha apetitosa, eu estou mesmo com fome. Como adivinhou? Assim é você que me faz um favor, Pepeia. Bem que eu ouvi dizer por aí que você é muito legal.
Então, a lagarta andou daquele seu jeito, contorcendo seu corpo e se arrastando no chão até que alcançou a poça. Seu corpo ficou apoiado na terra, enquanto sua cabecinha ficou empinada no ar. Abriu a boca cheia de dentinhos e deu uma mordida bem forte na folha.
Arrastou o corpo para trás e, assim, começou a arrastar a folha também.
Em pouco tempo Dorinha estava salva!!!
Viva, viva! Todos gritaram.
Mas a lagarta, que não tinha percebido a presença da mosca Dorinha em cima da folha, não entendeu nada. Pensou que todos estivessem dando vivas para ela, admirando o seu desempenho.
-Nossa, até que enfim alguém reconheceu meu talento- pensou.
Logo as formiguinhas tiraram Dorinha da folha e a lagarta foi-se embora toda feliz levando consigo o apetitoso almoço.
Dorinha gritou: "Tchau, Dona Lagarta. Muito obrigada! Vê se não esquece da gente quando virar borboleta, hein?"
Mas a lagarta nem ouviu, já ia longe levando sua comida.
Dorinha, feliz, tentou voar, mas não conseguiu. 'Ai, minhas asas estão estranhas, não consigo voar!"
-Calma, Dorinha, suas asas estão molhadas, só isso.
-E agora?
-Não se preocupe. Está fazendo um lindo dia de sol e logo o calor irá secar as suas asas.
-É mesmo, Pepeia. Vou esperar.
-Enquanto isso, você fica deitada e nós te fazemos companhia.
-Pepéia, você é a melhor amiga do mundo, disse a mosca Dorinha, emocionada.
O pessoal da floresta aproveitou pra botar o papo em dia. Como estava perto da hora do almoço, Pepeia abriu sua cesta de piquenique e dividiu suas frutinhas com os amigos.
-Que pena, Pepéia, você perdeu seu passeio por minha causa- disse Dorinha.
-Que nada, amiga. Este está sendo o melhor passeio de todos. Nada é tão bom quanto almoçar na companhia dos amigos.
E então, as asas de Dorinha ficaram secas e ela pode dar um lindo vôo ao redor dos bichinhos.
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